segunda-feira 29 de setembro de 2014, por admin
O arquivo do jornalista Aloysio Biondi está acessível ao público. Pesquisadores podem visitar o acervo na Universidade de Campinas (Unicamp), a 99 quilômetros de São Paulo.
São documentos e publicações de trabalho e pessoais de 1934 a 2001, com predominância das décadas de 60, 70 e 80. O conjunto consiste em 60 mil recortes de jornais, 3 mil livros, 3 mil revistas, 5 mil artigos, 30 mil páginas de datiloscritos e manuscritos e 60 discos em vinil, segundo contabilização do Centro de Documentação Alexandre Eulalio (Cedae), onde está o material.
A documentação de caráter profissional foi acumulada ao longo dos 44 anos de atividades de Aloysio Biondi em diversos órgãos de imprensa e compreende correspondência, artigos publicados, livros, revistas, recortes de jornais, relatórios, censos e outras fontes de pesquisa e informação do titular. Há, ainda, itens anteriores a seu nascimento, em julho de 1936, e posteriores à sua morte, em julho de 2000.
“A higienização foi toda concluída, assim como o acondicionamento dos documentos, que se encontram climatizados na nossa reserva técnica”, destaca a diretora técnica do Cedae, Flávia Carneiro Leão. O passo seguinte será trabalhar na catalogação de cada item.
O acervo foi doado ao centro em 2009 como parte do projeto de memória O Brasil de Aloysio Biondi, em que uma rede composta por família, ex-alunos e amigos trabalhou na triagem e na conservação dos documentos ao longo de nove anos. O material foi encaminhado para restauro em 2011.
Também estão no centro de documentação, vinculado ao Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp, arquivos de Alexandre Eulalio, Bernardo Élis, Flávio de Carvalho, Hilda Hist, Menotti Del Picchia, Monteiro Lobato e Oswald de Andrade, entre outros artistas, intelectuais e personalidades de diferentes áreas.
Relançamento
A Geração Editorial lançou nova edição dos dois volumes do livro O Brasil Privatizado, de Aloysio Biondi, originalmente publicados pela Fundação Perseu Abramo. A compilação tem apresentação de Jânio de Freitas e prefácio de Amaury Ribeiro Jr.
sábado 4 de junho de 2011, por Pedro Biondi
Mais imagens estão disponíveis na seção Fotos, na década de 1981 a 90. Trata-se de registros da participação de Aloysio Biondi no programa Roda Viva, da TV Cultura, durante as eleições presidenciais de 1989.
Os entrevistados são os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva, Leonel Brizola e Mario Covas, além do coordenador da campanha de Lula, Aloizio Mercadante.
As fotos são de Flavio Bacellar e Jair Bertolucci. Estão arquivadas no Cedoc da Fundação Padre Anchieta.
segunda-feira 14 de março de 2011, por admin
Um importante passo foi dado para que o arquivo de Aloysio Biondi esteja acessível ao público em breve. O acervo foi encaminhado para restauro no final de fevereiro e a previsão é que dentro de poucos meses volte à Universidade de Campinas (Unicamp).
Desde o último mês, os milhares de jornais, revistas, livros, recortes e documentos profissionais e pessoais estão com a Associação Brasileira de Encadernação e Restauro (Aber), contratada pela universidade para os serviços de limpeza, higienização e acondicionamento desses itens.
“Na Aber, o material permanecerá sob os cuidados da restauradora Norma Cassares e de sua equipe”, explica a supervisora do Centro de Documentação Alexandre Eulálio (Cedae/Unicamp, ao qual o arquivo foi doado), Flávia Carneiro Leão.
“Assim que o acervo retornar, já limpo, higienizado e ‘de roupa nova’, ou seja, acondicionado nos novos invólucros, iniciaremos a primeira etapa de tratamento arquivístico para poder viabilizar o acesso dos pesquisadores.”
Os recursos para o tratamento do material vieram da verba da pós-graduação do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), ao qual o Cedae é vinculado.
segunda-feira 14 de março de 2011, por admin
Depois das homenagens noticiadas abaixo, no segundo semestre do ano passado houve pelo menos outros dois registros sobre os dez anos da ausência de Aloysio Biondi: artigo do editor Flamarion Maués sobre o processo de produção do livro O Brasil Privatizado: Um Balanço do Desmonte do Estado e entrevista do coordenador do Projeto O Brasil de Aloysio Biondi, Antonio Biondi, à TV CUT.
Em seu relato, Maués conta que Biondi enviava os capítulos por fax para a Editora Fundação Perseu Abramo. “Ele gostou muito da ideia da coleção – que veio a ser batizada de Brasil Urgente –, pois achava importante que o livro tivesse aquelas características que propúnhamos para a coleção: texto sucinto, linguagem direta, muita informação, preço acessível”, comenta.
Sobre o conteúdo, ele narra a reação da então vice-presidente da Fundação Perseu Abramo, Zilah Abramo, após ler o original: “‘Li o texto à noite e nem dormi direito. Fiquei chocada! O que está acontecendo é muito grave e a gente não tem noção’, foi mais ou menos o que ela me disse. E assim era com a maior parte das pessoas que liam o texto – a mesma reação que os leitores teriam quando o livro foi lançado”. O artigo do editor foi originalmente publicado no site O Escrevinhador, de Rodrigo Vianna.
Por sua vez, na entrevista de 10 de setembro, Antonio Biondi fala ao Jornal da CUT sobre a atualidade da obra de seu pai e o projeto de memória. A entrevista pode ser visualizada na página do jornal do dia 10 de setembro, no quarto quadrinho abaixo do principal (com a minutagem em 00:06:50). Outra opção é visualizar a íntegra do jornal, no quadro principal, sendo que a matéria sobre Biondi começa aos 6’44’’.
quinta-feira 26 de agosto de 2010, por Pedro Biondi
Textos publicados em julho e agosto rendem homenagem a Aloysio Biondi e lembram os dez anos de ausência do jornalista revisitando sua obra.
“Embrutecemos. A sociedade brasileira embruteceu. Os meios de comunicação embruteceram. Nós, jornalistas, embrutecemos. (...) Os governantes atuais não se importam mais com o povo, o ser humano. Mas todos também somos culpados. Por silenciar. Por ficar de braços cruzados. Embrutecemos, sim.” O trecho, de artigo publicado em 2000 no Diário Popular, é o mote de abertura de matéria da Revista do Brasil.
Com o título “Há dez anos, um vazio”, é assim introduzida: “Ícone do jornalismo crítico e analítico, Aloysio Biondi se foi sem deixar substitutos”.
Ali, o jornalista Vitor Nuzzi avalia: “Passados dez anos, as análises e comentários de Biondi, sempre baseados em dados e números, não em palpites, ainda fazem falta. Especialmente quando se lembra de que, aliado ao rigor técnico, eram textos acessíveis, sem a praga do economês, escritos por alguém que não ficou de braços cruzados.” Nuzzi lembra a doação do acervo do jornalista ao Centro de Documentação Alexandre Eulálio (Cedae), da Universidade de Campinas (Unicamp).
No artigo "O sorriso de Biondi", na Agência Carta Maior, o cientista político Antonio Lassance retoma a contribuição do jornalista ao debate em torno da Telebrás. Comentando a reativação da estatal e a reação de seus opositores, ele aponta nos questionamentos uma “falta de contextualização primária”.
“Até hoje, a melhor forma de contar essa história e travar a batalha da memória contra o esquecimento é revisitar o livro de Aloysio Biondi, O Brasil Privatizado: Um Balanço do Desmonte do Estado”, anota o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Para ele, Aloysio Biondi foi “um monstro sagrado do jornalismo brasileiro, grande mestre do jornalismo econômico”.
Continua Lassance: “O Brasil Privatizado abria seu capítulo ‘As estatais: sacos sem fundo?’ justamente falando da Telebrás. Biondi relembrava que, entre 1996 e 1997, a empresa teve um salto de 250% em seu lucro, desmentindo categoricamente a mensagem fabricada de que as estatais só davam prejuízo. No livro que tornou-se um clássico para a compreensão sobre o que fizeram com o Brasil nos anos 90, Biondi contextualizava que tanto os prejuízos quanto os lucros das estatais tinham sido fabricados para atender a interesses muito bem identificados.”
O pesquisador cita trecho da página 30 de O Brasil Privatizado: “Os prejuízos que o achatamento de tarifas e preços trouxe para as estatais teve efeitos que o consumidor conhece bem: nesses períodos, elas ficaram sem dinheiro para investir e ampliar serviços. Explicam-se, assim, as filas de espera para os telefones, ou as constantes ameaças de ‘apagões’ no sistema de eletricidade. Ou, dito de outra forma: não é verdade que os serviços das estatais tenham se deteriorado por ‘incompetência’. Como também é mentira que ‘o Estado perdeu sua capacidade de investir’, como diz a campanha dos privatizantes. O que houve foi uma política econômica absurda, que sacrificou as estatais.” O livro pode ser lido e baixado aqui.
Além disso, o Blog da Fundação Perseu Abramo reuniu conteúdos produzidos por Aloysio Biondi ou referentes a ele. Foi a editora da entidade que publicou o livro do jornalista, que superou a marca de 140 mil exemplares vendidos.
Por fim, a revista Reflexos da Privatização, editada pelo Sindicato dos Engenheiros no Paraná, traz reportagem de capa sobre o processo de venda das estatais, classificando-o como “um jogo de cartas marcadas”.
O material usa dados do levantamento feito por Biondi, e reproduz um parágrafo do livro referente às ferrovias: “Desde o final dos anos 60, o governo frequentemente usou as estatais para ‘segurar’ a inflação ou beneficiar certos setores da economia, geralmente por serem considerados ‘estratégicos’ para o país. Como assim? Houve períodos em que o governo evitou reajustes de preços e tarifas de produtos (como o aço) e serviços fornecidos pelas estatais, na tentativa de reduzir as pressões e controlar as taxas de inflação. Esses ‘achatamentos’ e ‘congelamentos’ foram os principais responsáveis por prejuízos ou baixos lucros apresentados por algumas estatais, que passavam a acumular dívidas ao longo dos anos – sofrendo então nova ‘sangria’, representada pelos juros que tinham de pagar sobre essas dívidas. Certo ou errado, as estatais foram usadas como arma contra a inflação por governos que achavam que o combate à carestia era a principal prioridade do país.”