Faltou dizer

OS DORMINHOCOS – a lentidão para avaliar mudanças na economia não parece um privilégio dos técnicos brasileiros, à direita ou à esquerda. Em julho último, os economistas do BIS apavoraram o mundo, com sua análise sobre a situação dos países endividados no final do primeiro trimestre do ano, repetindo a cantilena cepalina de que “eles não conseguirão pagar duas dívidas”. Agora, praticamente em novembro, o mesmo BIS, analisando os resultados do segundo trimestre do ano, diz que a situação dos países endividados melhorou substancialmente e a renegociação das dívidas se tornou mais viável. Em poucas palavras: quando o BIS divulga suas “análises” pessimistas, em julho, já há três meses (de abril a junho) os países endividados passavam bem, obrigado. Para quem não lembra: o BIS, ou Banco de Compensações Internacionais, é um banco central dos bancos centrais dos países ocidentais, isto é, é o suprasumo do corpo técnico de áreas governamentais, em matéria de sistema financeiro internacional. É aquele “bancão” que tem dado “empréstimos-pontes” a países encalacrados, como o Brasil, enquanto eles terminam negociações com o FMI e os bancos privados.

TEMA A MEDITAR – a recessão que o país enfrenta teria realmente as dimensões insistentemente alardeadas pelos empresários paulistas? Segundo a própria Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, até setembro as vendas reais da indústria caíram apenas 4,5% em relação a igual período do ano passado. Também para o comércio paulista, a queda foi insignificante, de 0,03%, nos nove primeiros meses do ano. Será que a “onda” em torno da recessão não está servindo de “biombo” para desempregar em massa e impor salários “menores” aos salvos das demissões? A indústria paulista despediu 430 mil operários e não preencheu as vagas – de dezembro de 1980 para cá, ou quase 22% do total de 2,0 milhões de trabalhadores existentes naquela época.

SEM ESPECULAÇÃO – a nova “puxada” dos preços da soja e do óleo de soja, na Bolsa de Chicago, só durou dois dias: quinta e sexta-feira da semana passada. Esta semana, as cotações voltaram a cair. Também o milho recuou, e está a Cr$ 6.402,00 a saca. Em Chicago.