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Na Semana da Independência, o novo presidente do BNDES Andréa Calabi, anuncia oficialmente que o grande banco estatal vai conceder financiamentos a grupos multinacionais que desejem comprar empresas brasileiras. Melhor retrato do governo Fernando Henrique Cardoso, impossível. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) foi criado pelo presidente JK, copiando o exemplo dos países ricos, para permitir o crescimento da economia e conseqüente fortalecimento dos grupos empresariais locais.

EUA, Japão, França, Inglaterra, todas essas nações dispõem de bancos estatais que negociam acordos, planos, projetos até com governos estrangeiros, oferecendo empréstimos de centenas de milhões de dólares — que são liberados, com a condição de que empresas de seus países forneçam as máquinas, equipamentos e até serviços de consultoria aos países "ajudados". Em resumo, esses empréstimos não são uma "ajuda" coisa nenhuma, e sim um financiamento para as empresas dos países ricos conquistarem mercado, e exportarem mercadorias e serviços — criando empregos, renda, consumo, arrecadação de impostos para o seu próprio país.

Logo depois da queda do Real em janeiro, por exemplo, você deve ter visto as notícias sobre a visita de um ministro da Espanha, oferecendo "técnicas de combate à seca do Nordeste"— que devem ser aplicadas com o uso de equipamentos importados da Espanha, óbvio. E assim por diante.

Esses países estão errados? Não. Todo país que merece esse nome, todo país que tem um governo que mereça esse nome, obviamente adota políticas para beneficiar seu próprio povo. São países e povos que têm uma nacionalidade, orgulham-se de sua identidade. O Brasil era um país subdesenvolvido, mas era um País, nos tempos de JK. O BNDES foi criado para investir no desenvolvimento nacional. Para gerar empregos. O dinheiro do BNDES, para emprestar às empresas, sempre foi tirado do próprio povo brasileiro, pois saía do Imposto de Renda e, a partir dos anos 60, passou a sair também do PIS/Pasep. Da conta do PIS/Pasep de cada trabalhador.

A lei que criou o BNDES proibia que ele fizesse empréstimos a empresas estrangeiras — exatamente porque ele foi criado para defender os interesses nacionais, a criação de empregos para os trabalhadores nacionais, ofertados por empresas nacionais, identificadas, portanto com as necessidades do País. No ano passado, com um decreto, o presidente mudou a lei, e mandou o BNDES emprestar dinheiro a empresas multinacionais que desejassem comprar empresas estatais brasileiras. Não houve reação nem dos empresários, nem dos trabalhadores do País. Agora, o presidente manda o BNDES emprestar a grupos estrangeiros também para comprarem empresas privadas nacionais. Na semana da Independência, você acha que o Brasil ainda é um País? Quem manda no Brasil?