Faltou dizer

DESDOLARIZAÇÃO? – após criticarem, durante anos, as vantagens aos grandes grupos, responsabilizando-as pelas distorções do “capitalismo selvagem brasileiro”, os economistas de oposição agora defendem a posição contrária. O “programa do PMDB”, por exemplo, além de pregar a manutenção de subsídios (às indústrias e exportadores, pois os da agricultura já foram reduzidos), prega a “desdolarização” da economia. O que isso significa exatamente? O programa do PMDB quer que as dívidas das empresas que tomarem empréstimos em dólares passem a pagar correção monetária, e não correção cambial (isto é, as dívidas cresceriam de acordo com a correção monetária, e não de acordo com a queda do cruzeiro). Alegam que a medida é essencial para “salvar a indústria”, embora às custas do Tesouro, isto é, do povo, isto é, do faminto do Nordeste ou do desempregado do Sul. Por que? Porque a diferença entre a correção monetária e a correção cambial seria paga pelo Tesouro.

É POUCO? – dizem os economistas de oposição que essa “desdolarização” custaria “menos do que parece” ao Tesouro, porque beneficiaria somente uma parcela dos empréstimos, tomados por empresas privadas, no montante de US$ 5,0 bilhões, ou cerca de Cr$ 3,35 trilhões. Acontece que a correção monetária anual está em torno de 112% e a correção cambial em torno de 250%. O governo teria que arcar, assim, com uma diferença de 140 pontos percentuais, que, sobre Cr$ 3,35 trilhões, representam Cr$ 4,7 trilhões. Quase a metade de todo o orçamento da União este ano.

DISTRAIDÍSSIMOS – o cômico, ou trágico, é que os economistas de oposição não se lembram de indagar o que foi feito com esses empréstimos, isto é, quanto as empresas lucraram com eles, seja ampliando seus negócios, seja fazendo aplicações no “open”, seja aumentando seu patrimônio. As empresas ficam com os lucros, e o governo lhes paga Cr$ 4,7 trilhões?

DISPARADA – a saca de feijão chegou sexta-feira a Cr$ 40.000,00, ou Cr$ 660,00 o quilo, no atacado de São Paulo, contra Cr$ 30.000,00 no começo do mês.