Agora, descontrole monetário deixará bancos preocupados

A inflação de 8% em junho provocou pânico entre a classe empresarial, levando-a a oferecer colaboração ao governo. O estouro na política monetária ontem revelado vai provocar pânico em outra área, talvez não tão disposta a oferecer cooperação ao Brasil: será a vez dos banqueiros e credores internacionais, o Fundo Monetário Internacional, já preocupados com a situação das contas externas do País.

O recorde na emissão de moeda e de expansão dos meios de pagamento é um fenômeno extremamente grave, para os especialistas adeptos do monetarismo (e que predominam no cenário mundial), porque ele provoca a "inflação futura". Através de gráficos, os economistas procuram demonstrar que, quando o governo perde o controle da política monetária, a inflação "estoura" só três a seis meses mais tarde isto quer dizer que a alta de 8% em junho não é nem o começo — nessas Interpretações — da explosão Infladonária que vem por ai.

O ministro Delfim Neto se encontra em Nova York, possivelmente explicando aos credores internacionais as razões dos últimos insucessos da política econômica. Ou, mais provavelmente ainda, como ocorreu em 1980, já prometendo adotar medidas, rapidamente, para Inverter o quadro atual. Nesse caso, o País pode esperar — antes mesmo das eleições — por novo aperto do crédito, novos freios na economia, nova política de "cintos apertados" semelhante à que provocou queda na produção industrial e desemprego, em 1981. (A.B.)