Faltou dizer

PARA ONDE VAI O DINHEIRO – O principal objetivo do decreto 2.065 e semelhantes, como se sabe, é reduzir a folha de pagamento das empresas estatais e, assim, reduzir o déficit público a pretexto de combater a inflação. No entanto seria possível abrandar o achatamento salarial através de um grande número de outras providências que o Congresso poderia exigir, neste momento, dos Ministros da área econômica. Por exemplo: o crédito à importação vai absorver Cr$ 2 trilhões este ano. Como ele é subsidiado com juros de apenas 60% ao ano, isso significa que o total de subsídios dados pelo tesouro irá a Cr$ 1,8 trilhão na melhor das hipóteses (se a inflação ficar na faixa dos 150 a 160% ao ano, de média), aumentando o déficit público em igual importância. Uma doação de dinheiro do Tesouro a poucas empresas e que deve ser contida.

A QUEDA EXPLICADA – Motivo para a queda nos preços dos ovos e frangos na última semana: com os altos preços provocados pelo encarecimento do milho, há 2,6 milhões de dúzias de ovos encalhados, somente em São Paulo, além de milhares de toneladas de frangos (em supermercados paulistanos, seu preço já caiu de Cr$ 1.200,00 pra Cr$ 950,00 o quilo). A avicultura está sendo destruída, portanto, porque o Governo insiste em não forçar os especuladores a desovarem seus estoques de milho. A mesma coisa ameaça ocorrer com a suino-cultura.

PASSIVIDADE ETERNA – Até agora, as manifestações de protesto dos avicultores têm se limitado a ameaças do tipo “vamos soltar galinhas em pleno centro das capitais”. Suas entidades, no entanto, têm força para exigir que o Governo provoque a desova do estoque de milho através de cortes no crédito a indústrias atacadistas e sistemas de intermediação em geral. Exatamente como foi feito em relação à soja e óleo de soja, com o esvaziamento das manobras especulativas.