Faltou dizer

LEVANTAMENTO ESQUECIDO? – quando o governo decidiu combater a especulação com o óleo de soja, no princípio de outubro, foram tomadas duas providências. A primeira, o corte de crédito nos bancos oficiais, para as indústrias do setor, com o objetivo de forçá-las a “desovar” estoques. A segunda, um levantamento dos estoques existentes nas indústrias (mas também em outras áreas), e isso mês a mês, desde abril/maio deste ano. Qual o objetivo desse levantamento mesmo sobre meses passados? O governo desejava saber os meses em que as várias parcelas dos estoques haviam sido fabricadas – para saber quanto esse óleo havia custado realmente, já que a soja, a matéria-prima, estava baratíssima no começo do ano. Conhecido esse dado, o governo poderia recusar os preços pretendidos pela indústria, que alegava não poder vender a lata de óleo, no atacado, por menos de Cr$ 1.000,00, porque tinha comprado a soja ao preço de Cr$ 16.000,00 a saca, vigente no começo de outubro (contra Cr$ 4.000,00 no primeiro semestre). Houve ampla divulgação sobre a realização do levantamento, mas seus resultados nunca foram divulgados. E, pior ainda: o óleo de soja não chegou aos Cr$ 1.000,00 a lata, no atacado, mas mesmo assim continua a ser vendido a um preço de 50% a 55% mais alto do que a cotação do produto no mercado mundial. Ainda pode custar menos.

PARA ONDE VAI O DINHEIRO – no primeiro semestre, a Companhia de Financiamento da Produção, vendeu milho a Cr$ 1,00 o quilo para várias empresas especializadas no abate e industrialização de aves e suínos. Já se falou aqui sobre os lucros da Perdigão. Agora, é a vez da Sadia: em nove meses, a “empresa-mãe” do grupo (isto é, a holding) lucrou Cr$ 28 bilhões, ou 30% sobre o patrimônio líquido (padrão normal no Brasil, em torno de 10%). Sua indústria de rações, Moinho da Lapa, chegou aos 40%. O PERIGO – o verão vem aí. Com ele, os riscos de quebra na produção de hortifrutigrangeiros, e conseqüente alta de preços. Que programas de emergência os governos estaduais poderiam adotar para o setor?