E o dólar cai...

Por que o dólar caiu e o Real conseguiu subir um pouquinho nos últimos dias? Mais uma vez, como aconteceu no final do ano passado, o Baco Central faz manobras para adiar novo tombo violento da moeda brasileira. A queda do dólar é totalmente artificial, não há condições para mantê-la por muito tempo.

O Banco Central vem queimando um cartucho atrás do outro, para adiar o desastre. Nos últimos meses, vinha vendendo títulos (“papagaios”) com o valor fixado em dólar, e evitando vender dólares diretamente de suas reservas - mesmo porque o acordo do FMI exija que elas não fossem gastas conforme a vontade do governo brasileiro, e sim dentro de determinados limites – decididos pelo Fundo.

O volume desses títulos com valor em dólar cresceu perigosamente, chegou aos R$ 130 bilhões e os compradores dos títulos (banqueiros e investidores), com medo cada vez maior de um “calote”, passaram a exigir juro cada vez mais altos para compra-los (é isso mesmo: para quem compra esses “papagaios”, o governo paga juros, ultimamente, na faixa de 30% a 15% anuais, além da correção pelo valor do dólar).

Encurralado, o governo brasileiro pediu ao FMI autorização para utilizar uma parcela maior das reservas, isto é, para fornecer mais dólares ao mercado, tentando segurar o seu preço com esse aumento da oferta. O FMI é sempre bonzinho com o governo FHC, porque é um governo muito “compreensivo” para com os interesses dos países ricos e suas multinacionais.

Assim, o FMI concordou com a “queima das reservas”, há poucas semanas. Inútil. A cotação do dólar não recuou. Então, na semana passada o governo FHC pediu autorização, e o FMI concedeu mais uma vez autorização para entregar centenas de milhões de dólares aos bancos. O Banco Central calculou que US$ 800 milhões seriam suficientes para acalmar o mercado. Os pedidos dos bancos, no entanto, chegaram a faixa de US$ 1,5 bilhões de dólares no primeiro leilão, mostrando que a “corrida” para obter a moeda norte-americana permanece.

O governo dez que tudo vai melhorar quando o ano “virar”, pois a inflação entrará em queda e haverá mais dólares no País. Esta coluna já mostrou que a esperança de aumento nas exportações é furada, porque as colheitas deste ano vão ser muito menores. Quanto á queda da inflação, nem o FMI acredita nessa possibilidade. Você quer uma prova? Pela primeira vez em toda sua existência, o FMI exigiu que o FHC peça a ele, FMI, a receita de medidas que deverão ser tomadas todas as vezes que a inflação superar as metas trimestrais previstas no acordo.

Veja só o vexame e a situação de capacho do FMI em que o Brasil e seu povo foram colocados: o governo FHC não manda mais nada. Tem de pedir ordem pra poder vencer dólares. Tem de pedir ordem para o combate á inflação. Uma tragédia, porque o FMI exige sempre mais recessão, com mais desemprego, e mais desnacionalização...